Passei por aqui...

Passei por aqui como quem não quer...

Olhei devagar a profundeza da chuva que te fertiliza e com quem não posso medir forças

Destes dias de ausência, sinto já o vazio do rasgo da enxada, do cheiro a hortelã que se espraia pela horta desde manhã, do mantra que aprendeste comigo e que repetes em surdina.

A chuva sentiu a minha saudade, solícita e amorosa, salpicou o meu rosto de corações de prata e expandiu em decibéis o sincopado do seu som a convidar...vá não temas...dança comigo...

E eu aceitei, dancei, e moldei um riso doce e prolongado que tinha guardado, para ti...

- O céu cinzento tornou-se prateado

- a chuva abrandou para me abraçar

- não sei de onde, surgiu um bando de asas em alegre debandar

- e as rimas saltitaram, terra madre, nas raízes da tua alma secular 

 

 

à terra, onde a poesia se faz pão...

 

A.

24 de Setembro 2013

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